domingo, 28 de dezembro de 2014

Não diga nada


Entra...não diga nada.
Transponha seu olhar suavemente
ao meu como a luz filtrada pela
chuva, ao encontro da estiagem...
Abre a janela da alma e deixa a
pérola da claridade escorrer por 
sua pele acordando o silêncio,
que dorme à sua espera... 
Tira do rosto o desespero que
esgana a saudade nos cantos
sombrios da ausência...
A casa continua a mesma;
só está com as cortinas cerradas 
e empoeirada com a solidão...


                                                       Marcia Portella

Aroma


Nunca peço ao silêncio que cale.
Entrego-me ao som de sua voz
que desperta meus sentidos e...
ouve os gemidos da minha alma.
É o amante que aplaca meus anseios
levando-me a vislumbrar a lua
com olhos borrados de nuvens 
derramando gotas de céu...
No aroma morno da noite, em
seus braços...adormeço.

Marcia portella

sábado, 1 de novembro de 2014

Consinta



Consinta que eu te esqueça
Neste momento em que uma
Cortina de chuva vela a tarde...
No vidro da janela espirais 
De vapor dançam sangrando
Em gotas de saudade...
Consinta que eu recolha minha
 Alma no silêncio manso dos 
sonhos,fugindo desses olhos
profundos que temo cair...
Neste olhar lânguido feito águas
 Paradas que só o amor...agita
Consinta... que eu volte em mim.


                                                        Marcia Portella_Go

Ele


Ele viaja por minha casa,
como se fosse sua...
Trás a paixão ardendo
entre os vãos da noite.
Bebe meu vinho.
Ouve minhas musicas.
Revira minhas gavetas.
Esconde seu retrato.
Abraça meu silêncio...
Vai embora deixando
uma dor avassaladora_
Uma sombra que
deslocou do corpo...
Deixando uma sombra,
 Na parede...

                                               Marcia Portella_Go

Inquietude



O caule em riste,
Alonga-se à procura
Da rubra flor...
Quando roça suas pétalas
Num ímpeto de agonia,
Em espasmos de amor...
Chora seiva em sua corola
Ecoando em soluços
Na inquietude...
                          Do momento.

                                                        Marcia Portella_Go

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Infinitude


Seu último momento de amor
foi tão fresco e doloroso,como
a juventude transplantada através
do tempo com seus olhos brilhando
de amor;bêbados de sol...
Sentiu a carícia deslizar levando-o
em doce desbrochar...
O amor inflou como uma vela,
com a respiração entrecortada que
 não parava de ondular vagarosamente,
num leve roçar,sendo expelido em
lentos movimentos,riscando a
  areia do caminho no suave vaivém.
O chão oceano,o leve roçar que...
Deflagrou o mar...

                                                          Marcia Portella_Go

domingo, 3 de agosto de 2014

Ruas quietas


Hoje o dia tem uma melancolia que
faz com que me sinta menos sozinha
em minha própria melancolia...
Saio a caminhar no primeiro dia de julho
em ruas quietas,frias,tristes,e vazias...
Algumas varandas ainda tem vestígios de
flores de maio perdidas no tempo...
Paro,escuto o silêncio,registro momentos.
Ouço uma agulha arranhando um vinil.
Na parede um violão encostado,a palheta
guardada,o quadro negro apagado,o giz
quebrado,o chão riscado...
Nos armários vestidos pendurados pairam
no ar como fantasmas lacrados,esquecidos.
Sinto a solidão passar apressada,acanhada,
calada,encostando em muros pichados
fugindo do resmungo do tempo...
Em uma janela o feixe de um abajur brilha
como se fosse o sinalizador minúsculo de
um farol,avisando que a noite chega como
um veleiro onde todos voltam a navegar
recriando seus destinos..
A brisa está fria,abraço meus braços
Aperto o passo...entro no silêncio...

                                                                  Marcia Portella_Go


sábado, 10 de maio de 2014

Açucena


O amor aprofunda no lago,
sorvendo minha água...
Decanto na noite 
flutuando em flor.
Açucena vermelha,
lábios de coral orvalhada
em pétalas sedosas...
Vibro em perfume entre sedas,
flor translúcida como cristal
onde o poema rebrilha
em ardentes rimas trancado
em desassossego...
entre às pétalas da flor...
Num jato de amor em agonia
 final...a dor estanca de repente
em versos mudos que sepultei...


                                                            Marcia Portella

sábado, 26 de abril de 2014

Casulo



Teço teias poéticas...
Jogo sementes em palavras
...te espero.
Espero que se enrede
em meus cabelos perdido
entre nós apertados...
Na surdina vou te enrolar
soltando fios de seda 
entremeados de perfume
floral amadeirado,
 te guardando em casulo 
   de amor desesperado...
  Enrolado entre sonhos,
percorrerá o labirinto
sem se perder
 encontrando...
 a pérola...a resposta
a ponta do fio
     Que te cerca...

                                                      Marcia Portella


quinta-feira, 3 de abril de 2014

Jazz





Notas ressoam em pálida
vibração audível,
deslizando nos sentidos
em leve roçar de ...murmúrios.
Acordes fogem da harmonia,
Sons crescem descompassados
ecoando desejos em... 
fôlegos esparsos. 
Notas suaves serpenteiam em
 arpejos à embriagar...sentidos.
Corpo canta,sibila prazer soando
em ritmo afinado.
É música...noite adentro.

No descanso...
                 um jazz sonolento.

                                      Amanhece.  

                        Marcia Portella        



                       

                                 

                                  

                                        
                                                                                
                                                                    
                                                                    



sábado, 15 de fevereiro de 2014

A cor do vento


Ha tempos ele me tem sob
seu domínio e habituado
ao seu poder...
Antes me causava indiferença
como a cor do vento...
Hoje parece louvar meus sentidos.
Então,quando me seduz
e meu espírito parece se fastar,
ele volta com tamanha suavidade
que torno-me sua amante
pálida e vaporosa ....
Ele me toma à seu poder chamando
 minha alma que se faz ouvir
sempre à sua súplica...
Cada vez que o sinto volto a ele
com a leveza de uma carícia...
É tão terno o meu sentir...
que o amor...
                          Não entende... 

                                                                        Marcia Portella

domingo, 2 de fevereiro de 2014

Lembrar



Lembrar,
é ter certeza
de sentir o amor 
surgindo do passado 
em lascas pétreas
 de...saudade
  Lembrar,
   é atravessar a neblina
  com o amor
  iluminando o desejo
  que corre como
   fogo-fátuo 
  entre o clarão da lua,
  e o luto da noite...
   Lembrar,
    é sentir o grito
      do silêncio 
     subir na garganta
     como água na marca
         Da inundação...

                                                Marcia Portella

sábado, 18 de janeiro de 2014

Estações



As estações passaram
escondidas no silêncio
que ela jazia,
em leve retardo...
Ao despertar para a vida,
seus olhos num vagar vago
viram seu outono que 
estonteante eclodia...
Na manhã,à calada da madrugada
seu corpo mesclou-se com a alma
e o espaço com o tempo...
Pela primeira vez sendo alma
e não razão sentiu saudade...
Agora... era tarde...
                                 Ela sabia...

                                                       MarciaPortella





                               


                   

domingo, 5 de janeiro de 2014

Só seu


Sento ao piano com meu 
vestido mais bonito...
Solto os cabelos
pinto os lábios de carmim
bebo o vinho que restou... 
Toco nossa canção
até meus dedos doerem
calando as notas...
Entro em seu retrato
torno-me uma sombra
de sua figura...
  Ilusão sinuosa que
 percorre um corpo
em curvas e desvios
   que nunca são meus...
Só seus...

                                                Marcia Portella