sábado, 5 de novembro de 2016

Voz calada




Apesar da luz que irradia,
sinto que entrei em um mundo
de sombras, recolhida no silêncio,
com uma cortina de tule descendo 
diante dos meus olhos.

O grito mudo de tua ausência some
entre paredes em espantoso silêncio.
Ouço tua voz calada,sinto tua respiração,
amo com o desespero dos aflitos.

Vejo teu caminhar no vulto encolhido,
solitário,que passa com os braços soltos
nos lados como um anjo caído...

Sozinha, cruzo as mãos em prece,cerro
minhas pálpebras-borboletas cansadas
de dançar entre flores inquietas...

Velas despejam sombras,lamento como
 uma carpideira entoando ladainhas.
Em desespero brado em gritos infames-
não posso ficar parada no tempo!

Entrego nossas almas à esteira rolante
da eternidade,tiro o véu...sigo em sombra 


Marcia Portella


Fhotografher_Incvar Igor