domingo, 28 de maio de 2017

Figurante eterno




Deslocada do eixo,derrama 
em ondas no deserto da lógica.
Grita maldição!... sentindo a vida
esvair-se entre seus sentidos.
Abre os braços paralisada em dores,
crucificada entre espinhos...
Blasfema contra as forças da natureza
que continuam passivas,em perene
sanidade ante sua loucura.
Solta os pulsos,tolhe a voz,
encerra-se nas paredes do tempo-
fera que come cinzas,alimenta-se de morte,
tece mortalhas,quebra elos,apaga imagens.
Seu grito, perde-se na solidão do monólogo.
Sombra caminhante,figurante eterno...
No teatro da vida.



                                                      Marcia Portella_Go

                                                                                    28/03/13

Foto-Lindsey-Adler-

segunda-feira, 1 de maio de 2017

Indiferença




O quarto não tem janelas ou quadros.
Ela teme olhar as papoulas que 
derramam das paredes
 atiradas em seus momentos
de letargia solitária.
Trás o olhar esgazeado que vaga
à sua volta vendo pétalas caírem
em cadência,engolidas na vastidão
do oceano em que flutua sua
 alma dormente.
O vermelho grita em seus lábios
contrastando com a lividez da face.
Uma névoa transparente a leva 
ao indeterminado-ao som da vida.
Vidas que foram tantas que já não
sabe em qual está situada.
Vozes a confundem derrubando as
 frágeis armaduras do seu espírito.
Seus olhos brilham alucinados à medida
que avança tentando sair das sombras. 
O medo a detém indecisa... mascara-se
Nas frestas da indiferença...

                                                Marcia Portella

                                                                   (15/12/14)
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