domingo, 3 de agosto de 2014

Ruas quietas


Hoje o dia tem uma melancolia que
faz com que me sinta menos sozinha
em minha própria melancolia...
Saio a caminhar no primeiro dia de julho
em ruas quietas,frias,tristes,e vazias...
Algumas varandas ainda tem vestígios de
flores de maio perdidas no tempo...
Paro,escuto o silêncio,registro momentos.
Ouço uma agulha arranhando um vinil.
Na parede um violão encostado,a palheta
guardada,o quadro negro apagado,o giz
quebrado,o chão riscado...
Nos armários vestidos pendurados pairam
no ar como fantasmas lacrados,esquecidos.
Sinto a solidão passar apressada,acanhada,
calada,encostando em muros pichados
fugindo do resmungo do tempo...
Em uma janela o feixe de um abajur brilha
como se fosse o sinalizador minúsculo de
um farol,avisando que a noite chega como
um veleiro onde todos voltam a navegar
recriando seus destinos..
A brisa está fria,abraço meus braços
Aperto o passo...entro no silêncio...

                                                                  Marcia Portella_Go


2 comentários:

  1. Em teu silêncio enternecedor a poesia se aninha para voltar decantada após a passagem da brisa fria. E aqui fico, mergulhado em minha quietude, perscrutando as flores perdidas, envolto pelo teu embriagador lirismo. Meu carinho e meus aplausos, Marcia.

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  2. Ao ler estes poemas sinto-me sufocada, sem palavras que possam exprimir a minha admiração pela sensibilidade e arte poética desta Grande Poetisa, Marcia Portella!
    Meus aplausos de pé!
    ZCH

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