quarta-feira, 17 de junho de 2015

Dourado



Sobe o fecho éclair,vê seu rosto no espelho;
mil reflexos mas de único rosto.
A pele levemente bronzeada,os fios loiros
mais curtos que o normal,com profundas
olheiras;nada que um corretivo
 não possa amenizar...
Vai a janela,sente o calor do sol 
 esquentar sua alma dormente,gelada...
Ele dorme o sono dos justo?... só ele sabe.
Ela sonhou com a primavera em uma
cidade grande,com rios que exibiam leitos
em tom safira encapelados pelos ventos.
Descobriu uma cidade enrodilhada ao redor
de ruas, igrejas e praças em uma trama
igual a um cesto de serpentes aninhadas...
Uma cidade silenciosa,tocada em nuvens
de luzes piscantes,árvores verdes delirantes,
que ganham a rua ao anoitecer e a tornam
amante;que ela aceita sem inibição...
Leva o amor todas as noites entregando-se
com olhos fechados,ouvindo dos bares 
os músicos cansados,óculos escuros 
com sua insônia dando os últimos acordes...
Ao sair acende um cigarro como se fosse 
ópio, adicionado ao ópio o narcótico 
que aplaca seu tédio,um amigo íntimo,
amável,presente,fiel...
Nesse momento a cidade tem vida letárgica
tal qual a dela e todas as pessoas...
Na rua, seus passos são ouvidos pelo único
brilho que carrega em sua alma cansada;
Sandálias douradas...


                                                    Marcia Portella


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