segunda-feira, 1 de maio de 2017

Indiferença




O quarto não tem janelas ou quadros.
Ela teme olhar as papoulas que 
derramam das paredes
 atiradas em seus momentos
de letargia solitária.
Trás o olhar esgazeado que vaga
à sua volta vendo pétalas caírem
em cadência,engolidas na vastidão
do oceano em que flutua sua
 alma dormente.
O vermelho grita em seus lábios
contrastando com a lividez da face.
Uma névoa transparente a leva 
ao indeterminado-ao som da vida.
Vidas que foram tantas que já não
sabe em qual está situada.
Vozes a confundem derrubando as
 frágeis armaduras do seu espírito.
Seus olhos brilham alucinados à medida
que avança tentando sair das sombras. 
O medo a detém indecisa... mascara-se
Nas frestas da indiferença...

                                                Marcia Portella

                                                                   (15/12/14)
Imagem_ Google

2 comentários:

  1. O lirismo só há de ser um dia, das mulheres maduras. São delas os versos que se estraçalham e despem a alma.

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